Os quadros Muzzi Cycles |
Do mesmo criador da Molamania (aquelas molas coloridas, feitas de plástico, que eram muito populares entre as décadas de 1980 e 1990), surge a primeira bicicleta de material reciclado. Juan Carlos Muzzi, artista plástico uruguaio radicado no Brasil há 40 anos, é o idealizador do projeto. A matéria-prima utilizada nele é composta principalmente de garrafas PET, mais para-choques automotivos, peças de geladeira e vários outros tipos de resinas plásticas.
Por enquanto, apenas o quadro da bicicleta é feito de material reciclado, injetado em moldes que já dão o formato final. A Muzzi Cycles (www.muzzicycles.com.br) não é a primeira bicicleta de plástico do mundo (leia mais na próxima página), mas possui algumas soluções criativas que garantem leveza e resistência. Para garantir a durabilidade, por exemplo, Juan se inspirou na estrutura dos ossos, que possuem paredes grossas, mas são ocos por dentro. De acordo com ele, essa característica evita que o material entorte ou se quebre com facilidade.
Para construir um quadro, são utilizadas cerca de 100 garrafas PET ou o equivalente de outros materiais. O plástico é recolhido por ONGs parceiras, que repassam o material a um laboratório terceirizado, para que o composto final chega à fábrica pronto para já ser injetado na forma. Muzzi explica que eles usam uma mistura de plásticos que torna o produto final flexível o bastante para absorver impactos, mas, ao mesmo tempo, resistente.
Os quadros – que pesam cerca de 5 quilos e já saem da forma coloridos, sem necessidade de pintura – foram projetados para uso urbano. O modelo atualmente comercializado possui duas versões: uma que aguenta uma pessoa de até 80 quilos e a outra para bikers de até 120 quilos. As bikes podem receber diferentes tipos de câmbio, inclusive marcha única.
Atualmente, o quadro já está sendo comercializado a R$ 250 cada peça (faça o seu pedido pelo site acima). As entregas, inclusive para as primeiras lojas e com fila de espera, devem começar agora em novembro. Durante a fabricação, cada quadro fica pronto em apenas 2 minutos. Por enquanto, a capacidade de produção é de 15 mil unidades por mês, mas o otimista empresário pretende introduzir novos modelos e chegar a 60 mil unidades por mês ainda no início de 2012.
Outro plano é desenvolver novas peças, como selim, pedivela, freios e para-lama. Além disso, a Muzzi Cycles negocia uma parceria com a Shimano, para comercializar bicicletas montadas com o sistema Nexus, que possui câmbio com as marchas embutidas dentro do cubo da roda. Esses modelos devem começar a aparecer no final de 2012.
A ideia. Além de fazer escultura e pinturas, Muzzi fabrica peças de material reciclado desde que veio para o Brasil. Seu foco sempre foram os brinquedos, como a já citada Molamania. Ele também produziu patinetes por um tempo, quando surgiu a ideia da bike. “Uma vez, fui visitar uma fábrica de bicicletas e achei tudo muito arcaico: aquela solda toda, a tinta, aquela loucura. Aí eu pensei, vamos fazer algo mais contemporâneo”, diz.
O uruguaio cursou engenharia mecânica até o último ano e, apesar de não ter se formado, somou os conhecimento do curso à experiência de trabalhar com materiais compostos. Usando mão da ferramentaria disponível em sua fábrica, elaborou desde os primeiros esboços até o projeto final da bicicleta.
O criador e sua criatura |
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